sexta-feira, 4 de março de 2011

Temos algo a aprender com o Carnaval?

 
 
Seria lícito tomar o desfile do Carnaval como analogia de nossa caminhada cristã? Certamente, a maioria dirá que não. Afinal de contas, o Carnaval é a festa pagã por excelência, onde, além de toda promiscuidade, entidades pagãs são homenageadas.

Eu poderia gastar muitas linhas tecendo críticas justas a esta festa em que tantas famílias são desfeitas, e inúmeras vidas destruídas. Porém hoje, quero pegar a contramão.

Por que será que os cristãos sempre enfatizam os aspectos ruins de qualquer manifestação cultural?

Se vivêssemos nos tempos primitivos da igreja cristã, como reagiríamos ao fato de Paulo tomar as Olimpíadas como analogia da trajetória cristã neste mundo?

Ora, os jogos olímpicos celebravam os deuses do Olimpo. Portanto, era uma festa idólatra. Os atletas competiam nus. Sem contar as orgias que se seguiam às competições. Sinceramente, não saberia dizer qual seria pior, as Olimpíadas ou o Carnaval.

Porém Paulo soube enxergar alguma beleza por trás daquela manifestação cultural. A disposição dos atletas, além do seu preparo e empenho, foram destacados pelo apóstolo como virtudes a serem cultivadas pelos seguidores de Cristo.

E quanto ao Carnaval? Haveria nele alguma beleza, alguma virtude que pudesse ser destacada do meio de tanta licenciosidade? Acredito que sim.

Embora jamais tenha participado, talvez por ter nascido em berço evangélico tradicional, posso enxergar alguma ordem no meio do caos carnavalesco.

Destaco a criatividade dos foliões, principalmente dos carnavalescos na composição das fantasias, dos carros alegóricos, do samba-enredo. Eles buscam a perfeição. Diz-se que o desfile do ano seguinte começa a ser preparado quando termina o Carnaval. É, de fato, um trabalho árduo que demanda muito empenho.

Se houvesse por parte de muitos cristãos uma parcela da dedicação encontrada nos barracões de Escolas de Samba, faríamos um trabalho muito mais elaborado para Deus. Buscaríamos a excelência, em vez de nos contentar com tanta mediocridade.

O desfile começa com a concentração. É ali que é dado o grito de guerra da Escola, seguido pelo aquecimento dos tamborins.

A concentração equivale à congregação. Nosso lugar de culto (comumente chamado de “templo” ou “igreja”) é onde nos concentramos e aquecemos nosso espírito. Porém, a obra acontece lá fora, “na avenida” do mundo.

Gosto quando Paulo fala que somos conduzidos por Cristo em Seu desfile triunfal. O apóstolo compara a marcha cristã pelo mundo às paradas triunfais promovidas pelo império romano. Era um espetáculo cruento, no qual os presos eram expostos publicamente, acorrentados arrastados pelas ruas da cidade. Era assim que Roma exibia sua supremacia, e impunha seu poder. Paulo toma emprestada a figura deste majestoso e horroroso evento para afirmar que Cristo está nos exibindo ao Mundo como aqueles que foram conquistados por Seu amor.

Muitos cristãos acreditam ingenuamente que a guerra se dá na concentração. Por isso, a igreja atual é tão em-si-mesmada, isto é, voltada para dentro de si. Ela passou a ser um fim em si mesmo.

A avenida nos espera!

À frente vai a comissão de frente, seguida pelo carro alegórico abre-alas. Compete aos componentes dessa comissão a primeira impressão.

A comissão de frente da igreja de Cristo é formada pelos que nos precederam, que abriram caminho para as novas gerações. Não podemos permitir que caiam no esquecimento. Também são os missionários, que deixam sua pátria para abrir caminho em outros rincões. Grande é sua responsabilidade, e alto é o preço que se dispõem a pagar para que o Evangelho de Cristo chegue à populações ainda não alcançadas. Paulo fazia parte da comissão de frente da igreja primitiva. Chegamos a esta conclusão quando lemos o que escreveu aos coríntios: “Para anunciar o evangelho nos lugares que estão além de vós, e não em campo de outrem” (2 Co.10:16). Ele preferia pescar em alto mar, e não aquário dos outros.

A Escola de Samba é dividida em alas, cada uma com fantasias e carro alegórico próprios. Porém, o samba-enredo é o mesmo. O que é cantado lá na frente, é sincronicamente cantado na última ala da Escola. A voz do puxador do samba, bem como a batida harmoniosa da bateria, ecoando por toda a avenida, garantem esta sincronia. Não pode haver espaços vazios entre as alas. Há harmonia até nas cores das fantasias. Ninguém entra na avenida vestido como quiser. Imagine se as variadas denominações que compõem o Corpo Místico de Cristo se relacionassem da mesma maneira, respeitando cada uma o espaço da outra, porém dentro de uma evolução harmoniosa. No meio do desfile encontramos o casal de porta-bandeira. Eles exibem orgulhosamente o pavilhão da Escola. Seus gestos e passos são cuidadosamente combinados, para que a bandeira receba as honras devidas.

É triste verificar o quanto a bandeira do Evangelho tem sido chacoalhada, pois os que a deveriam ostentar, são os primeiros a desonrá-la com seu mal testemunho.

Os cristãos primitivos se dispunham a pagar com a própria vida para que seu testemunho de fé fosse validado e o nome de Cristo fosse honrado.

Ao término do desfile chega o momento da dispersão. É hora de partir, levando a certeza de que todos deram o melhor de si. Alguns saem machucados, com os pés sangrando, com as forças exauridas. Mas todos saem alegres, esperançosos de que sua escola seja a campeã. Aprenderam a sublimar a dor enquanto desfilam. Ignoram o cansaço. Vencem os limites do seu corpo. Tudo pela alegria de ver sua escola se sagrando campeã. Mas no fim, chega a hora de tirar a fantasia, descer dos carros alegóricos, cuidar das feridas nos pés. Mesmo assim, ninguém reclama.

Todos estamos a caminho do fim do desfile. O momento da dispersão está chegando, quando deixaremos este corpo, nossa fantasia, e seremos saudados pela Eternidade. Que diremos nesta hora? Não haverá novos desfiles. Terá chegado o fim de nossa trajetória? Não! Será apenas o começo de uma nova fase existencial. Deixaremos nossas fantasias, para nos revestirmos de novas vestes celestiais. Falaremos como Paulo em sua carta de despedida a Timóteo:

“...o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (2 Tm.4:6b-8).

Aproveitemos os instantes em que estamos na avenida desta vida, celebremos a verdadeira alegria, infelizmente ainda desconhecida por muitos foliões, e que não terminará em cinzas.

* Postado originalmente em 13 de Fevereiro de 2010.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

fiel a Deus ou ao Partido? eis a questão...

Lista dos Deputados Evangélicos que votaram contra salário mínimo mais justo


"Aquele, pois, que sabe o bem que deve fazer e não o faz comete pecado." Tiago 4:17

"Até quando defendereis os injustos, e tomareis partido ao lado dos ímpios? Defendei a causa do fraco e do órfão; protegei os direitos do pobre e do oprimido. Livrai o fraco e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios. Eles nada sabe, e nada entendem. Andam em trevas." Salmos 82:2-5a


Abaixo segue a lista com os nomes dos parlamentares evangélicos que preferiram ser fiéis à orientação partidária, a serem fiéis aos princípios de justiça preconizados no Evangelho de Jesus, votando contra um salário mais digno para o trabalhador brasileiro.  A questão é: eles são deputados cristãos, ou cristãos deputados? Porque se forem cristãos deputados, devem mais lealdade a Cristo e ao povo do que ao partido. O partido lhes deu a legenda, mas foi o povo que lhes confiou o voto. Eis a lista:


  1. Anderson Ferreira (PR-PE) - Assembléia de Deus
  2. André Zacharow (PMDB-PR) - Igreja Batista
  3. Aguinaldo Ribeiro (PP-BA) - Igreja Batista
  4. Antonio Bulhões (PRB-SP) - Igreja Universal
  5. Anthony Garotinho (PR-RJ) - Igreja Presbiteriana
  6. Antônia Lúcia (PSC-AC) - Assembléia de Deus
  7. Aureo (PRTB-RJ)
  8. Adilson Soares (PR-RJ) - Igreja Internacional da Graça de Deus
  9. Audífax Barcelos (PSB-ES) - Igreja Batista
  10. Benedita da Silva (PT-RJ) - Igreja Presbiteriana
  11. Cleber Verde (PRB-MA) - Assembléia de Deus
  12. Dr. Grilo (PSL-MG) - Igreja Internacional da Graça de Deus
  13. Edinho Araújo (PMDB-SP) - Igreja Presbiteriana Independente
  14. Edmar Arruda (PSC-PR) - Igreja Presbiteriana Independente
  15. Edivaldo Holanda Junior (PTC-MA) - Igreja Batista
  16. Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - Comunidade Sara Nossa Terra
  17. Eduardo  da Fonte (PSB-PE)
  18. Erivelton Santana (PSC-BA) - Assembléia de Deus
  19. Fátima Pelaes (PMDB-AP) - Assembléia de Deus
  20. Filipe Pereira (PSC-RJ) - Assembléia de Deus
  21. George Hilton (PRB-MG) - Igreja Universal
  22. Gilmar Machado (PT-MG) - Igreja Batista
  23. Heleno Silva  (PRB-SE) - Igreja Universal
  24. Íris de Araújo (PMDB-GO) - Igreja Batista
  25. Jefferson Campos (PSB-SP) - Igreja do Evangelho Quadrangular
  26. Jhonatan de Jesus
  27. Josué Bengtson (PTB-PA) - Igreja do Evangelho Quadrangular
  28. Laercio Oliveira (PR-SE)
  29. Lauriete Catarina (PSC-ES) - Assembléia de Deus
  30. Leonardo Quintão (PMDB-MG) - Igreja Presbiteriana
  31. Liliam Sá (PR-RJ) - Assembléia de Deus
  32. Lincoln Portela (PR-MG) - Igreja Batista Solidária
  33. Lourival Mendes (PTdoB-MA) - Igreja Batista
  34. Marcelo Aguiar  (PSC-SP) - Igreja Renascer
  35. Mário de Oliveira (PSC-MG) - Igreja do Evangelho Quadrangular
  36. Marco Feliciano (PSC-SP) - Assembleia de Deus (Avivamento da Fé)
  37. Márcio Marinho (PRB-BA) - Igreja Universal 
  38. Missionário José Olimpio (SP) - Igreja Mundial do Poder de Deus
  39. Neilton Mulim (PR-RJ) - Igreja Batista
  40. Nilton Capixaba (PTB-RO) - Assembléia de Deus
  41. Otoniel Lima (PRB-SP) - Igreja Universal 
  42. Oziel Oliveira 
  43. Pastor Eurico (PSB-PE) - Assembléia de Deus
  44. Paulo Freire (PR-SP) - Assembléia de Deus
  45. Professor Sétimo (PMDB-MA)
  46. Ronaldo Fonseca (PR-DF) - Assembléia de Deus
  47. Ronaldo Nogueira (PTB-RS) - Assembléia de Deus
  48. Sérgio Brito (PDT-BA) - Igreja Batista
  49. Sueli Vidigal (PDT-ES) - Igreja Batista
  50. Silas Câmara (PSC-AM) - Assembléia de Deus
  51. Sabino Castelo Branco (PTB-AM) - Assembléia de Deus
  52. Hidekazu Takayama (PR) - Assembléia de Deus
  53. Vitor Paulo (PRB-RJ) - Igreja Universal
  54. Walter Tosta (PMN-MG) - Igreja Batista Getsêmani
  55. Walney Rocha (PTB-RJ) - Igreja Metodista
  56. Washington Reis (PMDB-RJ) - Igreja de Nova Vida
  57. Zé Vieira (PR-MA) - Assembléia de Deus
  58. Zequinha Marinho (PSC-PA) - Assembléia de Deus

Para sermos justos, oferecemos também a seguir a lista dos parlamentares evangélicos cujos votos foram favoráveis à emenda que concedia o aumento maior do o oferecido pelo governo.


  1. Andreia Zito (PSDB-RJ) - Igreja Cristã Maranata
  2. Arolde de Oliveira (DEM-RJ) - Igreja Batista
  3. Bruna Furlan (PSDB-SP) - Igreja Cristã do Brasil
  4. Delegado Francischini - Assembléia de Deus
  5. Henrique Afonso (PV-AC) - Igreja Presbiteriana
  6. João Campos (PSDB-GO) - Assembléia de Deus
  7. Jorge Tadeu (DEM-SP) - Igreja Internacional da Graça de Deus
  8. Manato (PDT-ES) - Igreja Cristã Maranata
  9. Onix Lorenzoni (DEM-RS) - Igreja Luterana
  10. Romero Rodrigues (PSDB-PB)
  11. Ruy Carneiro (PSDB-PR)
  12. Vaz de Lima (PSDB-SP) - Igreja Presbiteriana Independente


Abstiveram-se  de votar: 

  1. Lindomar Garçon  (PV-RO) - Igreja do Evangelho Quadrangular
  2. Roberto de Lucena (PV-SP) - Igreja O Brasil para Cristo


"Ais dos que decretam leis injustas, e dos escrivães que escrevem perversidades, para privar da justiça os pobres." Isaías 10:1

"Os teus príncipes são rebeldes, companheiros de ladrões; cada um deles ama o suborno, e corre atrás de presentes." Isaías 1:23a


Desta vez prefiro não fazer comentários e deixar que a Bíblia fale por si. Se é que esses homens ainda têm algum temor a Deus e reverência à Sua Palavra...Desculpem-me pelo tom, mas estou revoltado com esta bancada evangélica (ou seria cambada evangélida?) Nojo!

clonoado do Hermes Fernandes



* Agradeço ao Pr. Geremias do Couto pela iniciativa de fazer a lista, e ao Pr. Claudio Moreira por atualizá-la com os nomes dos partidos e igrejas dos parlamentares.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

QUANDO PARAR??


“Chegou ao fim nesta segunda-feira uma das mais brilhantes carreiras da história do futebol. Aos 34 anos, Ronaldo não resistiu à intensa batalha diária contra os desgastes físicos acarretados pelas oito cirurgias ao longo da sua trajetória, relembrou um problema de hipotireoidismo e anunciou que não jogará mais profissionalmente. É o fim para aquele que eternizou a camisa 9 com um talento que, não por acaso, lhe rendeu o apelido de Fenômeno e se transformou em um mito mundial.”
Chegou ao fim mais uma extraordinária carreira de jogador de futebol. Tenho um pouco mais de dois anos de ministério pastoral e completo 30 anos por esses dias e não faz muito tempo que comecei nesta jornada, mas a parada de Ronaldo me fez pensar: quando vou parar de exercer minha função pastoral? Desde o seminário sempre pensei nisto, mesmo sem começar de fato e direito, já conjecturava com um grande amigo sobre não continuar o ministério pastoral por vontade própria ou vaidade ou por orgulho ou por qualquer outra desculpa humana. Sei que sou pastor para esta geração e que por minha paixão e convicção pretendo ser instrumento de Deus nesta geração. Ao longo de meus anos de evangélico pude ver muitos homens de Deus que são benção em minha vida por seus exemplos de vida, dependência em Deus e dedicação ao Reino do Pai que marcaram não só a minha vida como a de uma geração, porém pude perceber que alguns deles não sabiam o momento de entregar o cajado a outro escolhido de Deus e com isso começaram a “engessar” a igreja. (Deixo bem claro que não estou criticando estes “heróis da fé” e sim me colocar no lugar deles). Não estou falando de largar a fé cristã e sim de entregar a função pastoral para outro, saber que chegou a hora de parar, saber que foi feito tudo ao seu alcance para que o reino de Deus seja anunciado às nações.Saber de suas condições físicas e psicológicas em exercer o ministério pastoral com relevância. Saber quando acredito que seja difícil mesmo, talvez por olhar que ser pastor no dia que chamado hoje está deixando ser por convicção e chamado e está virando somente uma profissão, onde se ganha dinheiro em nome de Jesus, talvez porque o nome de Jesus seja um nome em que marqueteiros da fé o usem para fins egoístas e com intenções obscuras e mentirosas, talvez porque nós, os pastores desta geração, estamos perdendo a fé em que as coisas podem mudar ou melhorar... Eu mesmo não sei a resposta para minha indagação, mas quero um dia poder recitar como o sábio Salomão em Eclesiastes 7:8 Melhor é o fim das coisas do que o princípio delas” e ter a sabedoria e a maturidade de passar o cajado e servir ao Senhor do jeito que Ele quiser. Não custa nada lembrar do servo de Deus, o apóstolo Paulo, que nos mostra como é viver para Deus e parar, em 2 Timóteo 4:7e 8 “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda."Começar é um grande desafio parar é um grande dilema.
Espero ouvir a Voz Daquele que me chamou e me escolheu a mim
E me tirou por detrás das malhadas.
Paz.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A latinha da coca-cola

A latinha da coca-cola
A igreja de Jesus Cristo sempre viveu a tensão entre suas faces orgânica e organizacional. Parece que nos últimos anos essa tensão se agravou. Especialmente no segmento evangélico de tradição reformada, a crítica à “igreja instituição” está na moda, e não são poucos os que se vangloriam de ter “rompido com a instituição”. Outro dia alguém me classificou de “institucionalizado”, e me senti praticamente xingado. Decidi dar mais atenção à dimensão institucional da igreja corpo vivo de Cristo. Jamais imaginei que fosse levantar minha voz para defender a bandeira institucional, e é bem provável que no início eu estivesse movido pelo instinto de sobrevivência ou auto-justificação, mas ao final achei que meus argumentos faziam sentido. Hoje já não me incomodo quando alguém diz que sou “institucionalizado”.

o que é o Evangelho ?

O Evangelho Anti-Natural


Era comum no passado, falar-se sobre a simplicidade e naturalidade do Evangelho. Mas isso era no passado. Hoje, quem estiver disposto a viver o Evangelho de Jesus e do Reino, deverá estar preparado para a vida anti-natural. Porque digo isto:
No mundo natural, poder é domínio sobre os outros.
No Evangelho, poder é, antes de tudo, dominar a si mesmo.
No mundo natural, a ofensa tem que ser revidada, afinal não temos sangue de barata!
No Evangelho, a ofensa é revidada com tolerância, amor e perdão.
No mundo natural, o grande é o que se mede pelo quantificável.
No Evangelho, o quantificável nada é, pois o que É não é mensurável!
No mundo natural, sucesso tem a ver com o chegar lá, que muitas vezes escraviza e adoece o ser.
No Evangelho, o verdadeiro sucesso liberta do sucesso segundo o mundo!
No mundo natural, ações geram reações, que vão das pedradas às balas e projéteis.
No Evangelho, toda ação demanda uma ponderação e bom senso!
No mundo natural, o normal é consumir, consumir e consumir pra se sentir bem.
No Evangelho, o consumo das coisas necessárias à vida enche o coração de gratidão!
No mundo natural, adora-se e faz-se culto à trindade governante do século XXI, a saber: CAPITALISMO, TECNOLOGIA E DINHEIRO!
No Evangelho, Capitalismo é ideologia humana, tecnologia é cumprimento profético e dinheiro é um deus chamado Mamon!
No mundo natural, alegria é comida, bebida, balada, encontros e risos vazios.
No Evangelho, alegria é paz e gozo do Espírito Santo!
O Mundo a que me refiro é este sistema de iniqüidade, perversidade, disputas,
comparações, hierarquias opressoras, lideranças tomadas pela soberba, idolatrias a imagens e a homens, ódios, vinganças e busca e manutenção do poder. Este mundo, ainda não tem um dono visível, mas quem o controla faz de tudo para que as coisas permaneçam assim. Este mundo pode estar em Brasília e nas Catedrais da Religião.
Que o Senhor guarde nossos corações e nos mantenha na anti-naturalidade do  Evangelho, só assim  poderemos viver nesses próximos tempos!
A verdade está lá fora!

Pr. Isaías Marcello
IBBêtania

sábado, 30 de outubro de 2010

Jesus era peripatético!



“Éramos coordenados pelo chefe de treinamento, o professor Lima, e tínhamos até um lema: “Para poder ensinar, antes é preciso aprender” (copiado, se bem me recordo, de uma literatura do Senai). Um dia, nos reunimos para discutir a melhor forma de ministrar um curso para cerca de 200 funcionários. Estava claro que o método convencional — botar todo mundo numa sala — não iria funcionar, já que o professor insistia na necessidade da interação, impraticável com um público daquele tamanho. Como sempre acontece nessas reuniões, a imaginação voou longe do objetivo, até que, lá pelas tantas, uma colega propôs usarmos um trecho do Sermão da Montanha como tema do evento. E o professor, que até ali estava meio quieto, respondeu de primeira. Aliás, pensou alto:
- Jesus era peripatético…
Seguiu-se uma constrangida troca de olhares, mas, antes que o hiato pudesse ser quebrado por alguém com coragem para retrucar a afronta, dona Dirce, a secretária, interrompeu a reunião para dizer que o gerente de RH precisava falar urgentemente com o professor. E lá se foi ele, deixando a sala à vontade para conspirar.
- Não sei vocês, mas eu achei esse comentário de extremo mau gosto –disse a Laura.
- Eu nem diria de mau gosto, Laura. Eu diria ofensivo mesmo — emendou o Jorge, para acrescentar que estava chocado, no que foi amparado por um silêncio geral.
- Talvez o professor não queira misturar religião com treinamento — ponderou o Sales, que era o mais ponderado de todos. — Mas eu até vejo uma razão para isso…
- Que é isso, Sales? Que razão?
- Bom, para mim, é óbvio que ele é ateu.
- Não diga! Digo. Quer dizer, é um direito dele. Mas daí a desrespeitar a religiosidade alheia…
Cheios de fúria, malhamos o professor durante uns dez minutos e, quando já o estávamos sentenciando à fogueira eterna, ele retornou. Mas nem percebeu a hostilidade. Já entrou falando:
- Então, como ia dizendo, podíamos montar várias salas separadas e colocar umas 20 pessoas em cada uma. É verdade que cada treinador teria de repetir a mesma apresentação várias vezes, mas… Por que vocês estão me olhando desse jeito?
- Bom, falando em nome do grupo, professor, essa coisa aí de peripatético, veja bem…
- Certo! Foi daí que me veio a idéia. Jesus se locomovia para fazer pregações, como os filósofos também faziam, ao orientar seus discípulos. Mas Jesus foi o Mestre dos Mestres, portanto a sugestão de usar o Sermão da Montanha foi muito feliz. Teríamos uma bela mensagem moral e o deslocamento físico… Mas que cara é essa? Peripatético quer dizer “o que ensina caminhando”. E nós ali, encolhidos de vergonha. Bastaria um de nós ter tido a humildade de confessar que desconhecia a palavra que o resto concordaria e tudo se resolveria com uma simples ida ao dicionário.Isto é, para poder ensinar, antes era preciso aprender.
Finalmente, aprendemos duas coisas: A primeira é o fato de todos estarem de acordo não transforma o falso em verdadeiro. E a segunda é que a sabedoria tende a provocar discórdias. Mas a ignorância é quase sempre unânime.
Texto de Max Gehringer
Igreja Batista Betânia-RJ

sábado, 9 de outubro de 2010

Verdades absolutas que se tornam mentiras relativas, ou não...

10 verdades que pregamos sobre 10 mentiras que praticamos


Certo pastor estava buscando levar a igreja à prática da comunhão e da devoção experimentadas pela igreja primitiva (conforme descrita em Atos dos Apóstolos). Logo recebeu um comunicado de seus superiores: “Estamos preocupados com a forma como você vem conduzindo seu trabalho ministerial. Você foi designado para tomar conta dessa igreja e a fez retroceder, pelo menos, uns 40 anos! O quê está acontecendo?”. O pastor respondeu: “40 anos? Pois então lamento muitíssimo! Minha intenção era fazê-la retroceder uns 2.000!”.

Atualmente temos acompanhado um retrocesso da vivência e prática cristãs. Mas, infelizmente, não é um retrocesso como o da introdução acima. Algumas das verdades cristãs têm sido negadas na prática. Como diz Caio Fábio, muitos de nós somos “crentes teóricos, entretanto, ateus práticos”. Segue-se uma pequena lista dos top 10 das verdades que pregamos (na teoria) acerca das mentiras que vivemos (na prática):

I - “SÓ JESUS SALVA” é o que dizemos crer. Mas o que ouvimos dizer é que só é salvo, salvo mesmo, quem é freqüente à igreja, quem dá o dízimo direitinho, quem toma a santa ceia, quem ganha almas para Jesus, quem fala língua estranha, quem tem unção, quem tem poder, quem é batizado, quem se livrou de todo vício, quem está com a vida no altar (seja lá o que isso signifique), quem fez o Encontro, etc e etc. Resumindo: em nosso conceito de salvação, só é salvo aquele que não me escandaliza.

II - “DIANTE DE DEUS, TODOS OS PECADOS SÃO IGUAIS” é o que dizemos crer. Mas, diante da igreja, o único pecado é fazer sexo fora do casamento. Quando um irmão é pego em adultério, é comum ouvirmos o comentário: “O irmão fulano caiu...”. Ou seja, adultério é visto como uma “queda”. Mas a fofoca que leva a notícia do adultério de ouvido a ouvido é permitida (embora, na Bíblia haja mais referências ao mexeriqueiro do que ao adúltero). Estar com o nome ‘sujo’ no SPC é permitido, embora a Bíblia condene o endividamento. Ser glutão é permitido, a ‘panelinha’ é permitida, sonegar imposto de renda é permitido (embora seja mentira e roubo), comprar produto pirata é permitido (embora seja crime) construir igreja em terreno público é permitido (embora seja invasão).

III - “AUTOFLAGELAÇÃO É SACRIFÍCIO DE TOLO”, é o que dizemos crer. Condenamos o sujeito que faz procissão de joelhos, que sobe escadarias para pagar promessas. Ainda assim praticamos um masoquismo espiritual que se expõe em frases do tipo: “Chora que Deus responde”; “a hora em que seu estômago está doendo mais é a hora em que Deus está recebendo seu jejum”; “quando for orar de madrugada, tem que sair da cama quentinha e ir para o chão gelado”; “tem que pagar o preço”.

IV - “ESPÍRITO DE ADIVINHAÇÃO É DIABÓLICO” é o que dizemos crer, mas vivemos praticando isso nas igrejas, dentro dos templos e durante os cultos!
- Olha só a cara do pastor. Deve ter brigado com a esposa.
- A irmã Fulana não tomou a ceia. Deve estar em pecado.
- Olha o irmão no boteco. Deve estar bebendo...
- Olha só o jeito que a irmã ora. É só para se amostrar...
- Olha a irmã lá pegando carona no carro do irmão. Hum, aí tem...

V - “DEUS USA QUEM ELE QUER” é o que dizemos. Mas também dizemos: Deus não pode usar quem está em pecado; Deus não usa ‘vaso sujo’; “Como é que Deus vai usar uma pessoa cheia de maquiagem, parecendo uma prostituta?”.

VI - “DEUS ABOMINA A IDOLATRIA” dizemos. Mas esquecemos que idolatria é tudo o que se torna o objeto principal de nossa preocupação, lealdade, serviço ou prazer. Como renda, bens, futebol, sexo ou qualquer outra coisa. A questão é: quem ou o quê regula o meu comportamento? Deus ou um substituto? Há até muitas esposas, por exemplo, que oram pela conversão do marido ao ponto disso tornoar-se numa obsessão idolátrica: “Tenho que servir bem a Deus, para ele converter meu marido”; “Não posso deixar de ir a igreja senão Deus não salva meu marido”; “Preciso orar pelo meu marido, jejuar pelo meu marido, fazer campanhas pelo meu marido, deixar de pecar pelo meu marido”. Ou seja, a conversão do marido tornou-se o objetivo final e Deus apenas o meio para alcançar esse objetivo. E isso também é idolatria.

VII - A BÍBLIA É A ÚNICA REGRA DE FÉ E PRÁTICA CRISTÃS
...Eu sei que a Bíblia diz, mas o Estatuto da Igreja rege...
... Eu sei que a Bíblia diz, mas nossa denominação não entende assim
... Eu sei que a Bíblia diz, mas a profeta revelou que é assim que tem que ser
... Eu sei que a Bíblia diz, mas o homem de Deus teve um sonho...
...Eu sei que a Bíblia diz, mas isso é coisa do passado...

VIII - DEUS ME DEU ESTA BENÇÃO!
...mas eu paguei o preço.
...mas eu fiz por onde merece-la.
...mas não posso dividir com você porque posso estar interferindo na vontade de Deus. Vai que Ele não quer que você tenha... Se você quiser, pague o preço como eu paguei.

IX - NÃO SE DEVE JULGAR PELAS APARENCIAS. AS APARENCIAS ENGANAM – mas frequentemente nos deixamos levar por elas para emitirmos nossos juízos acerca dos outros. Julgamos pela roupa, pelo corte de cabelo, pelo tamanho da saia, pelo tipo de maquiagem (ou a falta dela), pelo jeito de andar, de falar, pelo aperto de mão, pela procedência. Frequentemente, repito: frequentemente falamos ou ouvimos alguém falar: “Nossa! Como você é diferente do que eu imaginava. Minha primeira impressão era de que você era outro tipo de pessoa”.

X - A SANTIFICAÇÃO É UM PROCESSO DE DENTRO PARA FORA (é o que dizemos) – na prática não basta ser santo, tem que parecer santo. Se a tal ‘santificação’ não se manifestar logo em um comportamento pré-estabelecido, num jeito de falar, andar, vestir e de se comportar é porque o sujeito não se ‘converteu de verdade’

fonte:Genizah